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sábado, 12 de setembro de 2020

Coisas que só o coração compreende ou crónica do maldizer

 

Coisas que só o coração compreende ou crónica do maldizer

Catarina  era uma catraia filha de gente normal e humilde que ganhava o sustento com o que os rios davam.

Lá ia descalça para a escola, com a sua malinha de cartão, subindo e descendo a ladeira alegremente.

Mal regressava da escola, Catarina  ia  para junto da água. Cada dia que passava achava que a sua imagem que a água reflectia  era cada vez mais bela. Aí construía os seus sonhos: ter namorados lindos, ser rica.



O seu primeiro  namorado foi um miúdo da mesma escola, que gostava de pregar partidas, era traquinas e ficou conhecido como o Zé Matreiro. Foi ele que uns anitos mais tarde lhe abriu o caminho para a vida. E ela gostou.

Pouco estudou, mas aprendeu a insinuar-se. Foi a cobiça de muitos pretendentes proeminentes. Muitos a usaram como se fosse uma rameira: O Luis, o Herculano, o Sebastião, o Chagas o Alexandre, o Fernando, o Passos, o Vasco, o Godinho, e tantos outros que a colocaram nas bocas do mundo.

No meio de tanta volúpia e êxito na socialite, regressou mentalmente aos tempos de menina e colocou ao peito, bem junto ao coraçao o retrato do seu grande amor: O Zé Matreiro. E os que lhe deram a mão, que a elevaram socialmente não gostaram, porque não compreenderam que o coração tem razões que a razão desconhece.

Viagem no tempo

sábado, 22 de agosto de 2020

Rosas d'Agosto


Para se escrever sobre flores é necessário ter, pelo menos, uma das seguintes características: 

Ser conhecedor; 

Ser sensível à ordem das coisas da Natureza; 

Ser poeta;  

Esta roseira, desenvolvida após plantação em vaso de uma haste condenada a ir para o lixo numa loja de flores, floresce várias vezes ao ano, mas em Agosto?, creio que é a primeira vez. 


Dando as boas vindas aos clientes e visitantes de O café da Praça, esta roseira apresenta-se de várias formas e tons ao longo do ano. Já deu rosas de várias cores: brancas como que transmitindo aos clientes um local de Paz. 

Amareladas, dando a ideia de Alegria e Juventude independentemente da idade. 

Estas, de Agosto, são cor-de-rosa, indiciando Ternura e Romantismo - apanágio de Constância. 

Diz-se que as flores são para os mortos, porém elas são o veiculo de transmissão de sentimentos e emoções a outrem: amor, respeito, carinho, romance.  

As rosas de O café da Praça aí permanecem enquanto quiserem, dando a inspiração a todas as formas de expressão sentimental dos visitantes. Os doces conventuais concretizam-na. 



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Bonito. E agora?


É digna de reconhecimento  a mudança ocorrida em muitas vilas e cidades não  só do litoral como, principalmente, do interior deste belo Portugal,  que foram alvo de requalificação.

A modernização decorrente da mudança que a Europa patrocinou, teve como objectivo primeiro a criação de acessibilidades, a criação de condições para a circulação de pessoas, retirando o grande trânsito dos centros urbanos, a implantação de espaços verdes para os cidadãos usufruírem, a construção de equipamentos para a saúde e bem-estar.

Algumas autarquias aproveitaram para implantarem outras estruturas, não só para os seus residentes, como também para os visitantes: piscinas, centros náuticos, parques de campismo, espaços de lazer e usufruição, etc.


Como  a cavalo dado não se olha o dente,  os autarcas aproveitaram as comparticipações financeiras para investirem nessas estruturas, sem uma análise profunda (aparentemente) da sua rentabilidade e, no mínimo, na forma de captar entradas de dinheiro para custear a sua  imprescindível manutenção.

Com o novo visual dos seus territórios, as autarquias levaram ao “mercado” as suas noivas” para arranjarem pretendentes ao investimento; sempre eram mais uns trocos que vinham em taxas e licenças. Se havia apetência ou vocação dos territórios, não era problema seu. Os autarcas têm uma vantagem: não são gestores de negócios privados.

A opção encontrada foi concederem a terceiros a exploração dos espaços que implantaram com dinheiros da comunidade: hotéis, parques de campismo, centros de actividades.

Este é o caminho a seguir, mas de uma forma realista: as autarquias não são agentes económicos nem imobiliários. Não podem abrir concursos com valores que ultrapassem os custos de manutenção dos espaços, aliás devem oferecer alguns incentivos mediante objectivos, porque fica garantida a durabilidade das estruturas. Se as autarquias colocam encargos irrealistas, conseguem atrair  noivos que consumam o casamento que  rapidamente se transforma em divórcio.




domingo, 19 de julho de 2020

Admirável Mundo Novo do Turismo

Após o período de confinamento obrigatório quase simultâneo numa infinidade de países, durante o qual a actividade económica se reduziu praticamente à movimentação de bens de primeira necessidade, esses mesmos países foram-se dando conta de que a economia deveria ser retomada, e, quase em uníssono, adoptando medidas semelhantes, foram reabrindo as actividades num ambiente mais seguro para pessoas e bens.

As medidas adoptadas para reduzirem o perigo de contagiar e de ser contagiado não diferem muito de país para país. Dois tipos de comportamento humano resultaram do período de confinamento:
 • A valorização do mundo à volta de si, espaço pessoal e familiar, numa adaptação conjunta a novos hábitos e eventual controlo nos consumos e uma consciencialização ambiental e cívica mais convicta. • O desejo desenfreado da evasão, como se de uma libertação se tratasse, com resultados diferentes: uns de contestação e, desobediência praticando actos desaconselhados, como que desafiando a autoridade e a legalidade das normas, e outros de pura evasão, com vincado desejo de viajar, mesmo sabendo que terão de conviver com a ameaça do Covid19 enquanto não surgir a vacina que o erradique.

• O turismo doméstico está em ascensão, visto por uns como um dever de solidariedade nacional e outros como acessibilidade económica e oportunidade de aprofundar os conhecimentos culturais dos seus países. A procura de informações do destinos e reservas cada vez mais online, os automatismos nos acessos aos edifícios cada vez mais através de aplicações. O que encontra então o turista neste novo mundo?
O mesmo património que, ao contrário de uma guerra tradicional a pandemia não destrói, e um comportamento humano quase autómato , diria impessoal, igual ao de onde veio, porque a máscara é isso mesmo: mascara a verdadeira personalidade e inibe a comunicação.
Os governos impõem comportamentos aos cidadãos. Uns aceitam, outros evitam, e ainda outros recusam.
Muitos dos que se habituaram às normas e as adoptam como uma coisa natural, diversificam a aparência como se fossem criadores de moda a proporem feitios, cores e tecidos de máscara, que se que fazem pandan com o “prêt-à-porter” feminino, masculino.

 Quem responde pelo incumprimento dos clientes? Os responsáveis pelo estabelecimento . Com que autoridade? Agora são polícias? Que podem eles fazer se o cliente não tem máscara nem a quer adquirir, se o cliente deita beatas para o chão (atenção à eficácia do decreto das beatas a partir de 3 de Setembro). Ele não pode aplicar coimas. E a policia está noutro lado. É triste impor a cidadania através de multas e repressão. Mas se calhar funciona melhor, à falta de (in) formação.
Este é o momento de fazer férias cá dentro.

domingo, 14 de junho de 2020

Que mania que tu tens


Tu, que em todos mandas, tudo ordenas,
Chantageias todos com a obrigação de protecção usar,
Impedindo  as feições de contentamento ou descontentamento de mostrar.
Não controlas contudo o desejo e o sentimento
Que brota de um olhar, de silêncios que falam e tudo dizem num curto momento, porque tu, minúsculo ser, não passas de um desprezível verme sem discernimento.



sexta-feira, 22 de maio de 2020

Segredos da Promoção Turistica



Afastado oficialmente, há bastantes anos, do “activo” da Promoção Turística Internacional, não significa que a ela tenha deixado de me dedicar no meu dia-a-dia profissional, numa dimensão obviamente relativizada.
Workshop nos anos 80

Desconheço é a forma utilizada hoje  para transmitir ao mercado potencial que o nosso empreendimento se enquadra e transmite os valores históricos, paisagísticos, gastronómicos, enfim todo o património material e imaterial , e respectivas acessibilidades que motivam a preferência pela nossa oferta.
A tecnologia faz muito bem esse papel, porque disponibiliza soluções sugestivas, intuitivas, que confirmam que uma imagem vale por 1000 palavras.
Será suficiente? Em temos de restrições de viagens, de “get-togethers” ao vivo, seminários, workshops, meetings online, sim, é de certeza o meio mais eficaz.
Mas há urgência em colocar o humanismo nas relações bilaterais no lugar que conquistou. Especialmente no turismo – o estilo de vida do conhecimento.
Tendo em linha de conta que este estilo de vida é responsável por astronómicos multiplicadores económicos, espera-se a comparticipação da economia mundial no desenvolvimento de antídotos que renovem a segurança, a vontade e o prazer de “turistar”.

Percursos na Natureza, Caminhos do Tejo
Trajecto Pedestre na Natureza, paralelo ao Tejo


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Hotelaria e Restauração no Pós-Crise




Muitas nações irão considerar actual, e talvez transportem para a realidade o significado da célebre frase de J. F.  Kennedy: “Não perguntes o que é que o país pode fazer por ti; pergunta antes o que é que tu podes fazer pelo teu país”.

O sucesso só poderá ser alcançado se a promoção dos empreendimentos estiver em sintonia com as politicas publicas do destino no sentido de transmitir ao mercado confiança e segurança

Nenhum país pode ainda calcular o custo do combate à pandemia Covi19 .
Não podemos estranhar se vários governos pedirem aos cidadãos um sacrifício extra materializado numa taxa de solidariedade:
          Faça férias no seu país;
          Contribua com uma percentagem do subsídio de férias a que tem direito, para levantar a economia do seu país que foi devastada na assistência aos infectados com o Coronna vírus.
São medidas discutíveis, porque, se por um lado, melhoram as economias internas, por outro a economia fecha-se ao exterior.
Porém, tenhamos em consideração que não haverá estabilidade antes de a vacina indicada para erradicar o virús ser disponibilizada às populações. Vamos ter 2 ou 3 anos com períodos de instabilidade, decorrente da ameaça de repetições.

Ora, como a hotelaria e a restauração são actividades que dependem fortemente  da aviação comercial, a composição dos mercados estará condicionada ao desempenho daquelas que  vão sobreviver: primeiro por causa da redução ou interrupção de actividade  por tempo indeterminado e depois como consequência das condições para a retoma que forçosamente vai ter que respeitar imposições reguladoras de quota máxima de ocupação (os passageiros não podem ser transportados como sardinha em  lata). A capacidade será reduzida,  logo é necessário subir as tarifas aéreas para atingir o limiar de rentabilidade.


Nesta indefinição de mercado, as empresas hoteleiras e de restauração terão que viver com o mercado de proximidade, reconhecendo-lhe igual importância a qualquer outro. Mas note-se que o mercado interno não pode ser tido como mercado de recurso. Quanto a mim é o que deve ser mais valorizado e acarinhado:
Hotéis com mercado nacional e espanhol e os restaurantes com o mercado vizinho: regional e nacional, desde que sejam capazes de transmitir a diferença em relação à concorrência.
Porém, nada vai ser como dantes, e vejamos quais as empresas que se manterão (na posse dos mesmos ou na posse de novos titulares).

Da maneira como vejo as coisas antecipo mudanças radicais, por um lado em obediência a regulamentações que vão surgir e por outro na forma de exploração adequada à rentabilidade do empreendimento. Não é minha intenção (nem tenho a capacidade de)  influenciar designers, criativos, engenheiros nem empreendedores.
          Estabelecimentos acessíveis ao publico após passagem por uma cabine de detecção e eliminação de agentes contaminantes em roupa e calçado e vários pontos de higienização de mãos.
          Estabelecimentos dotados de guichets de atendimento.
          Popularidade no uso de aplicações móveis para interagir com clientes.
          Tendência a acabar com a prestação do serviço de pequeno almoço tal como o conhecemos.
          Aumento de área das zonas publicas onde serão implantados espaços self-service e espaços onde clientes poderão confeccionar as suas próprias refeições, e pequenas lojas gourmet ou mini mercados para eles se abastecerem.
          Maior frequência de conferências online, reduzirão a importância do até agora indispensável mercado dos congressos para hotéis de 4 e 5 estrelas.
·         Maior número de reservas directamente com o hotel e com agências de viagens em detrimento das agências online (OTA’s. )
          Tendência para que seja o cliente a definir a classificação dos empreendimentos e não a tutela; em vez de estrelas os hotéis novos apresentar-se-ão ao mercado como temáticos (histórico, natureza, gastronómico, rural, citadino, exclusivo...), maior informalidade e uma cada vez maior preferência pela hotelaria familiar por aqueles que procuram experiências genuínas.
·         Roupa de cama descartavel,
·         Túnel entre os vestiários dos empregados e a secção de trabalho com pontos de eliminação de odores e vestígios de agentes contaminantes.
·         Equipamento Pessoal de Protecção Anti-bacteriana.
·         Elevado índice de intervenção IOT (internet das coisas) na operacionalidade de utensílios: abrir portas, torneiras, etc.
·         Elevado recurso à robótica. 
      Um elevado grau de conhecimentos tecnológicos será exigido não só aos gestores como também aos que processam toda a operação hoteleira.