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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Adaptação de Destinos à Democratização do Turismo

 O Decreto 39/2008 foi uma resposta antecipada do sector do Turismo à crise financeira mundial que viria a acontecer meses depois da sua promulgação.

Além do mais, a criação da figura AL foi um ensaio para a democratização da procura turística, até então centrada no litoral e nos grandes centros urbanos, e a sua desmultiplicação em vários produtos.

Foi também uma oportunidade para reabilitar património e responder à ameaça de desemprego, porque despertou o espírito empreendedor à medida de cada investidor na área de alojamento, similares e de produção autóctone modernizada.

A nova lei veio chamar à formalidade a “pensão” para os “caixeiros viajantes”,   “Rooms, Chambres, Zimmers” em casas particulares de regiões do interior, que rapidamente se transformaram em AL dando o pontapé de saída à implantação de numerosos estabelecimentos de todas as modalidades em todo o território nacional.


A instabilidade política no estrangeiro, a incerteza do comportamento das economias, o inconveniente de perdas de bagagens, atrasos ou cancelamentos de voos, diminuíram em muitos o hábito de viajar para longínquos destinos, em detrimento do conceito Staycation ou férias em países periféricos.


Consequentemente, muitas aldeias e vilas de diversificada dimensão foram a escolha de uma imensidão de turistas movidos por distintas motivações. Esta evidência fez supor um “rebentar pelas costuras” das insuficientes estruturas para tão grande e repentino incremento da “turisticidade”.

Mas também dá para perceber que o impacto sobre o ambiente e essas estruturas seria reduzido em 50% com maior sensibilidade ambiental, ética social, cidadania e urbanidade, no sentido de pugnar por um turista responsável.

As comunidades inter-municipais deveriam instituir e colocar rotativamente ao dispor das autarquias uma Academia de Ética e Cidadania para um Turismo Melhor. As populações, mas particularmente os titulares e colaboradores de estabelecimentos Horeca (Hotelaria, Restauração, Cafetaria), teriam oportunidade de compreender o fenómeno turístico e a sua sustentabilidade através da saúde ambiental, da Ética dos Valores Culturais e Economia Local. A frequência de estes seminários e colóquios, com certificação, seriam condição sine qua non para a renovação ou iniciação de concessões de estabelecimentos públicos e autárquicos.

A bem do turismo,

A bem do Ambiente.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Paraíso após as tormentas

As experiências do destino como compensação

Um destino perfeito é o que o turista espera encontrar após tantas tormentas, peripécias e constrangimentos deparados no período ante e post viagem.

Nada será como dantes”, alguém afirmava nos primeiros meses da pandemia Covid.

A retoma do turismo acontecerá em 2022 com toda a população vacinada na maioria dos países, e reafirmar-se-à em 2023”

Em 2023 será ultrapassado o ano record 2019 em número de turistas”.

Todos eles tinham razão. O que não era expectável era o desaparecimento de tantos profissionais do sector do Turismo (Viagens, Turismo, Restauração). O êxtase da retoma foi rapidamente substituído pela desânimo da oferta que se deparou com a falta de recursos humanos.

Os desistentes do sector tiveram a confirmação de que o Turismo é uma área sensível a mudanças, a alterações políticas, a pandemias, ao comportamento dos mercados, aos conflitos. É uma actividade volátil. Os mais dotados de capacidade e habilitados para procurar modos de vida mais sólidos, com mais esperança encontraram alternativas cá ou noutros países.

Voos cancelados, horas, senão dias, à espera de voos de substituição, bagagens perdidas, é desesperante para quem sai para relaxar, para retomar o hábito de conhecer mundo e hábitos de outras paragens.

Aeroportos europeus não têm capacidade de recepção de tantos passageiros e bagagens.

Heathrow, o maior aeroporto de Londres, limitou, para 100.000 o número de passageiros diários, desde 12 de Julho até 11 de Setembro.

Quem passou por tantas tormentas para chegar, não pode encontrar a localidade que escolheu em obras, com acessos limitados e com sinalização confusa, barulhos, poluição, população descontente.

O cliente tem que sentir que destino lhe proporciona emoções e que está, finalmente, no oásis com que sonhou durante um ano inteiro.

Deve sentir-se compensado dizendo:



Finalmente, era mesmo isto que eu esperava.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Taxas e Taxinhas em Prosa Poética

Ennui é um substantivo francês que significa aborrecimento. Este deu origem a outro, mas do género feminino: Nuisance. E do casamento dos dois nasceu o termo Indemnité de Nuisance que Camões traduziria por Indemnização por constrangimentos inerentes ao bem-estar das pessoas; indemnização pela chatice causada, a tal NUISANCE.

Comparei 2 territórios em termos de bem-estar. O Reino Lavenir tem como lema: “Seja feliz e faça alguém feliz”!

O regente de Lechantier tinha como lema “Seja bem vindo quem vier por bem”. E prometia ao Povo “Vamos criar riqueza com as receitas feitas por quem nos visita. Preparemo-nos”.

Lavenir isentava de taxas os investimentos em equipamentos sociais, sem fins lucrativos (creches, lares, centros de dia, serviços comunitários, equipamentos de saúde e bem-estar), mas cobrava as devidas taxas aos investimentos em infra-estruturas para o desenvolvimento económico. Após a sua concretização é que os investidores beneficiavam de vantagens fiscais se cumprissem uma série de regras.

O reino de Lechantier isentava de taxas quem manifestasse intenção de investir no desenvolvimento económico e social do território. O problema é que por vezes as coisas davam para o torto, os investimentos ficavam a meio, transformados em monos, havia também aqueles que beneficiavam das isenções, investiam e vendiam a outros.



Recebido com entusiasmo e deferência, o governante do longínquo Lavenir visitou Lechantier, cujo dinamismo o impressionou intensamente.

O encontro formal tinha como finalidade a celebração de acordos bilaterais para a adopção de práticas que fizessem pessoas felizes.

- Lechantier não deixa ninguém indiferente. A Comunidade deve estar muito feliz com o valor das múltiplas taxas que recebe.

- Não, Majestade, aqui em Lechantier é tudo centralizado. As taxas cobradas por nós são aplicadas no que for decidido pelo Concílio.

- Estamos a aprender. No meu território aplica-se a Indemnité de Nuisance em múltiplas situações. As pessoas andam felizes porque essas taxas são aplicadas na supressão de carências sociais, no bem-comum. Há uma comissão oficial que certifica o recebimento das taxas para que uma obra ou qualquer actividade extraordinária seja autorizada.

- Dê alguns exemplos de aplicação das indemnizações.

- Toda a espécie de incómodos que causem mal-estar:

- Trabalhos que dificultem a locomoção e acesso; ruídos acima dos 80 decibéis, poeiras provocadas por obras ou industrias. Olhe, tem o exemplo de a colocação de paineis solares ou fotovoltaicos não se justificar porque a propagação de cinzas da indústria, poeiras das obras os torna deficientes, não recolhendo os raios solares com toda a sua intensidade.

- A redução de actividade de estabelecimentos pela diminuição de visitantes porque monumentos e outros locais de visita estão tapados, entaipados ou inacessíveis.

- Maus cheiros e poluição inimiga da saúde pública. Dou-lhe também o exemplo do território Terrebasque que implantou uma taxa por causa os ruídos provocados pelos roletes das malas dos turistas.


    









Locais de relax

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Estratégia 20-31 europeia e a autenticidade dos territórios

 Neste dia 9 de Maio, dia da Europa, vamos conversar em monólogo sobre a Estratégia para os Direitos das Pessoas com Deficiência 2021-2030 da União Europeia, que preconiza uma Europa sem barreiras para que todos possam usufruir dos seus direitos e circular livremente sem barreiras arquitectónicas, sociais, politicas, turísticas.

Esta carta estratégica pede aos Estados-Membros para que contribuam para a adopção desta Estratégia, eliminando várias barreiras a todos os tipos de deficiência (motora, auditiva, visual, psíquica, etc).
Presumo, portanto, que esta Estratégia não é exclusiva ao turista, mas a todos os cidadãos.
Por outro lado, uma intervenção que altere profundamente a estrutura de uma vila típica, compromete a sua identidade pela eliminação de características que a tornam “unique”. Certamente que a Estratégia protege casos de vilas que, por elas mesmas, identificam um lugar, uma tradição e imortalizam  uma cultura. 
Se a Estratégia fosse pensada apenas no Turismo Acessível, haveria vilas e aldeias em que apenas um ou 2 estabelecimentos e parques de campismo beneficiariam do investimento público. Na realidade, há estabelecimentos de hospedagem com 2 ou 3 andares, sem ascensor e sem quartos adaptados a portadores de deficiência, restaurantes e cafés que para se aceder, tem que se subir degraus, sem possibilidade de instalar rampas, sem casa de banho adaptada e, mesmo, serviços públicos de acesso dificil.
Vamos celebrar a Europa, vamos preservar a identidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

O deficit de Recursos Humanos


 


Os Orgãos de Comunicação Social transmitem a dificuldade de algumas empresas em cumprirem prazos e prestarem os serviços contratados dada a dificuldade de Recursos Humanos.

No período pré-Covid 19 os hoteleiros e similares queixavam-se de falta de “mão-de-obra” qualificada. Hoje queixam-se de que não encontram pessoas para trabalhar, com ou sem experiência.

A prática de horários partidos, a falta do reconhecimento da importância dos colaboradores para o sucesso das organizações, os baixos salários, a ausência de incentivos, mas, sobretudo, a maneira como alguns empregadores viam os seus colaboradores e alguns clientes os seus “servidores”, são as principais desmotivações pela carreira na hotelaria e similares. A pouca ou nenhuma diferença salarial entre os profissionais com muito tempo de casa e os recém-admitidos é uma das razões para a decadência e da despersonalização inexorável do nível de serviço.



Muitos profissionais na reforma ou pré-reforma , dignos representantes de uma época, abandonaram os meios rurais nos anos sessenta/setenta, porque as tarefas assemelhavam-se a trabalhos forçados, sem rendimento digno. Hoje o sector agro-alimentar é convidativo para jovens empreendedores que sabem adequar os seus projectos aos apoios disponiveis para produção, equipamento e escoamento. A pandemia foi a justificação para preferência por zonas rurais, em detrimento das cidades.

Nos tempos modernos, os recursos humanos capacitados e habilitados querem escolher onde querem trabalhar, o horário que lhes é conveniente; para eles, o conceito de liberdade de escolha é muito importante.

Por isso, é urgente que o Turismo Portugal promova nos meios de comunicação programas formativos nas diversas áreas do Turismo, de onde se destaquem oportunidades de carreira, e inteligência emocional, dentro do conceito “felicidade profissional”.

Há uns anos apercebi-me que os jantares de um hotel na Galiza eram servidos por pessoas da região que tinham as suas pequenas quintas, e que ao fim do dia mudavam de cenário para outra actividade, complementando assim os seus rendimentos.

A oferta de horários de tempo parcial, sem interrupção, poderia ser uma maneira de mitigar a falta de interessados.

Um restaurante que ostenta à porta “precisa-se de empregado(a)” em vez da carta ou menu, está a alterar o conceito e a afugentar os clientes.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A relevante questão de pagar ou não a Cultura


 

Dirigentes políticos, especialmente com responsabilidades autárquicas, quase que se escandalizam se lhes for proposto  o hipotético pagamento para aceder  à Cultura.  Nisso, têm toda a razão, porque absorver com maior ou menor grau a culturalidade de um povo e de uma região e nela se sentir integrado, está ao alcance de cada indivíduo, gratuitamente, sendo-lhe apenas exigida a capacidade de se interessar, motivar e interagir no ambiente que o rodeia.

Mas, repetimos a pergunta: A Cultura deve ser gratuita ?

Penso que sim, mas se o concurso de recursos materiais e humanos for imprescindível à sua transmissibilidade, acho que não. Estamos perante a ocorrência de custos marginais necessários à operacionalidade da cultura.

Onde está a confusão (in)consciente?

Na tendência a rotular o entretenimento de cultura em qualquer circunstância. Mas nem sempre é assim. O entretenimento (concertos, assistência a espectáculos desportivos, tauromáquicos, etc), é pago e, geralmente, bem pago.

Fado é cultura portuguesa tal como flamengo é cultura espanhola. Para assistirmos a estas demonstrações culturais pagamos o acesso ou evidente ou diluído nos consumos nos locais onde decorrem. E pagamos também a taxa mensal de audio visual na factura de electricidade para sermos “aculturados” por conteúdos muitas vezes ocos de cultura.


As visitas a museus devem ser pagas?

Naturalmente, mesmo com um valor simbólico, por forma a reduzir ou eliminar o custo dos recursos necessários a que as visitas se efectivem (guias, água, electricidade, limpeza, desinfectante...).


A universalidade da cultura

O turista que viaja por motivos culturais (património histórico-religioso, gastronómico, imaterial) paga para viajar, paga para ficar alojado nos meios de alojamento, paga para experienciar sabores, sentir adrenalina, para alargar o seu conhecimento. O que falta aqui é a construção e disponibilização de packages incluindo isto tudo, ou pelo menos, que constituam um “MENU” da oferta no site de um estabelecimento hoteleiro ou mesmo de um grupo de interesses económicos e culturais de uma região.

O turismo causa impactos positivos e negativos, mas a economia local que a sua realidade potencia, justifica o empenho dos territórios e comunidades com vocação e capacidade na promoção junto dos mercados-alvo.

Castigo para viajar?

É difícil de compreender o pasmo de alguns autarcas quando questionados sobre o pagamento da cultura. Alguns são os que não se ensaiam nada para propor a aprovação da aplicação de uma taxa turística por dormida, sem qualquer lógica nacional. O Imposto de Turismo (em todo o país) era de 3,1% sobre o volume de facturação da actividade hoteleira, foi abolido em 1973 porque já nessa altura era uma aberração.

E a taxa TMA?

Do que eu não tenho conhecimento é se algum municipio aplica uma TMA (taxa municipal ambiental) em casos de afluência massiva de pessoas pouco dotadas de cidadania, de respeito pelo ambiente, que não trazem contributos à economia ou à cultura.

E daí talvez. Talvez a taxa exista disfarçada nos custos elevados para estacionar em muitas vilas e cidades.


Antiga torre de vigia de Punhete na Linha de Defesa do Tejo

Venha conhecer gratuitamente a nossa região e vivenciar o paisagismo .Visitar, Ficar e descobrir

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Crescimento e Sustentabilidade na região de Constância


 Ao quilómetro 24 da A23 encontramos a indicação de saída Constância Oeste.

Percorremos umas centenas de metros e depara-se-nos, lá no alto, a Igreja Matriz que encima uma colina de casas nascida a partir das margens dos dois rios que aqui se encontram: Zêzere e Tejo. Até ao aparecimento do comboio e do automóvel eram as autoestradas de hoje e o ganha-pão de grande parte da população.



Três freguesias, cada uma com as suas especificidades e eportunidades,  constituem este concelho que não é bem do interior, mas não pertence ao litoral.


Moderada por João Luís de Sousa, Diretor da Vida Económica, decorreu a conferência “Crescimento e Sustentabilidade na região de Constância”.

Sergio de Oliveira, presidente da Camara, apresentou as prioridades de investimento ao abrigo do PRR e do próximo QCA. Mantendo-se a qualidade da água do Zêzere, analisadas periodicamente pela APA, será considerada água balnear, que permitirá avançar com o projecto da praia fluvial.

Outro aspecto é o alargamento da Zona Industrial de Montalvo (uma das freguesias) com o captar mais investimento que criará oportunidades de emprego qualificado e fixará mais pessoas.

Por ultimo, está em vias de execução a substituição do emissário submarino que liga os esgotos à ETAR do Caima, e a adaptação à mobilidade da zona do centro histórico.



Sofia Jorge, directora do departamento de Sustentabilidade do grupo Altri abordou a evolução dos processos de fabrico elencou os investimentos previstos na sustentabilidade ambiental e social, nomeadamente o de aquisição de sistemas que devolvem ao rio água mais pura do que estava no momento da captação.


Helena Roxo, vereadora de acção social e cultura, salientou o ensino profissional na Escola Luis de Camões nas áreas de hotelaria, restauração, manutenção de hotel, manutenção industrial. As áreas de ensino profissional estão em linha com as necessidades das empresas da região.


Pedro Pereira, vereador do Turismo, Ambiente, e Desporto, apresentou apresentou as actividades a nivel de turismo activo, cientifico e de natureza, e educação ambiental, potenciadas pelos rios, Centro Ciência Viva, Parque Ambiental de Santa Margarida / Borboletário Tropical e Fluviário Foz do Zêzere, além da Gastronomia e Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem a decorrer na Páscoa.


Terminou com mesa redonda participada pelos responsáveis das principais empresas da região.