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sábado, 22 de julho de 2023

Gerações de Turismo e Hotelaria sem Conflitos

 


Por Luis Gonçalves



Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, cuja grafia é da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.

Parte II

Geração X

Depois da reconstrução dos países europeus devastados pela II Grande Guerra, foram modernizados os transportes ferroviários e os transportes aéreos.

O desenvolvimento dos meios de transporte reduziram em muito o tempo das viagens.

Cresceu exponencialmente o número de hotéis localizados nos pontos estratégicos (praias, centro de cidades, estação de caminho de ferro, aeroportos).

Multiplicaram-se as agências de viagens, e foram criadas duas associações internacionais: AIH (Associação Internacional de Hotelaria) e FUAAV (Federação Universal das Agências de Viagens). Entre si celebraram vários convénios, sendo o mais conhecido a convenção AIH/FUAAV que garante ao hoteleiro que o valor da estadia titulada por um voucher ou BON emitido por uma agência de viagens ser-lhe-à pago.

O cliente tem sempre razão” era a máxima adoptada pela hotelaria.



A carta continuava a ser o meio mais utilizado na comunicação para reservas, mas começou-se a usar também o telegrama, especialmente por agências de viagens, que precisavam de dar uma resposta rápida ao cliente.

Os telegramas tinham um custo por palavra. Para racionalizar, usava-se termos do código internacional hoteleiro: A mensagem “Cliente Valois Agosto 15 Ramyn ALDUABAT 8 PENSI UrgConf” significa: Confirmem urgentemente reserva para cliente Valois, 1 quarto de casal, com casa de banho. Chegada à tarde no dia 15 de Agosto, 8 dias em pensão completa.

Após confirmação, o voucher era expedido por carta pela agência de viagens.

Quanto mais populares se tornavam os meios de transporte, maior número de clientes viajavam e menos longas eram as estadias.

Eram estadias de uma, duas, três ou quatro semanas, em meia pensão. Assim tinham o dia livre para descobrirem as paisagens, praias e cultura das regiões visitadas.

Os conselhos de um agente de viagens eram sagrados para o “fazedor” de férias que nele confiava para o “arrangement”.

Viagens forfait tornou-se um negócio interessante tanto pelos resultados financeiros quanto pela comodidade para o cliente.

Main-Courante, Livro de Recepção, Quadro de Recepção ou Rak e, nos grandes hoteis, a secção de Diários era o Back-Office apetrechado com as máquinas de facturação NCR ou Burroughs eram auxiliares de registo, de confirmação e de emissão de contas-correntes e facturas dos clientes.



Tal como na geração anterior, a qualquer empregado de mesa, de bar ou mandarete de hotéis de luxo era exigido que tivessem sempre consigo uma carteira de fósforos. Sempre que um cliente puxava de um cigarro, o empregado que estivesse mais perto tinha o dever de se prontificar a acendê-lo.

A promoção turística, a documentação, a legislação, a inspecção estavam concentrados na Direcção-Geral de Turismo que abrangia todo o território nacional.

Desta geração eram protagonistas grandes nomes que deixaram marca e obra feita: Alexandre de Almeida, Ribeiro da Silva, Luiggi Vergani, Fausto de Figueiredo, Teodoro dos Santos e, no sector de viagens, Aníbal Abreu, sem dúvida.

Maioritariamente oriundos de meios suburbanos e rurais, os funcionários hoteleiros tinham como valores o individualismo, a ambição e dependência do trabalho que, aliados a cursos profissionais e empenho os catapultava nos postos superiores da carreira.


(Voiturier ou trintanário era o rosto dos hoteis de categoria superior)

No próximo artigo: Geração Y