De ser livre, De exprimir o que pensa,
De respeitar as diferenças, simpatias, crenças, preferências.
Este tema foge um pouco ao género de artigos e opiniões que publico em blogue ou jornal online.
Mas porque se aproxima a comemoração do dia 25 de Abril, que mudou regimes e mentalidades, quis trazer para aqui memórias da minha infância.
O País é tão pequenino, que nenhuma região pode apoderar-se do epíteto “a mais sacrificada”, a "mais explorada", "a mais revoltada"!
Antes da data prestes a ser celebrada, a formatação da sociedade era “ trabalha para te manteres” ou
“quem não trabuca não manduca”. E cedinho, de tenra idade, se absorvia este princípio.
A riqueza estava na terra, porque era dela que saíam os alimentos. Pouca maquinaria, trabalho braçal. Pouca maquia, tracção animal.
E as cantigas para se transformar a tristeza em alegria originaram a riqueza do cancioneiro popular. Em todas as regiões.
Numas terras, de sol a sol, noutras, antes do sol nascer até a noite cair.
Couves e batatas ao almoço, caldo com “sustança” à noite.
Os jornaleiros (homens que trabalhavam à jornada, do nascer ao por do sol ) manifestavam o seu desagrado com a cantilena:
Pão boleinto, binho binagreinto, sardinha salgada? Descansa corpo, trabalha enxada!”
Interpretação: Esta é uma oração consecutiva à oração principal que não está no texto: "Tu dás-me" pão com bolor, sardinha salgada, vinho já com sabor a vinagre, então a enxada que trabalhe sòzinha.
Há outra frase que interpretava o mal-estar da exploração laboral: "de graça e a seco, que trabalhem os cães" (sem retribuição nem comida...)