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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Agua, Turismo, Paisagem


Como eu não sou especialista em ambientalismo, não me considero um ambientalista informado; sou antes um céptico, e mesmo critico em relação alguns comportamentos na relação com o meio natural; ou por questões económicas ou por ausência de inteligência emocional.


Onde antigamente havia árvores, hoje há blocos de cimento; zonas de arvoredo estão a ser devastadas para a implantação de painéis fotovoltaicos. Segundo se diz, a energia tem um custo de produção inferior, mas nem por isso ela fica mais barata ao consumidor. E o ambiente é prejudicado com a desarborização.



Deveríamos interiorizar o conceito VPA: Vida pela Água

Agua e Sol são as principais fontes da Vida.

Segundo dados da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), em 2020 cada português consumiu em média 186 litros de água por dia.

A ONU recomenda gastar no máximo 110 litros. Dado que a água é um bem essencial à sobrevivência do Homem e do planeta, este consumo é preocupante.

O consumo anual total de residentes e visitantes/turistas rondará 12 601 290 000 L diários, o que representa um excesso de cerca de 29 498 700 m3 por ano.


A gestão de recursos e o respeito pelo ambiente é um dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável constantes no Código de Ética da OMT.

Turistas, Populações Locais, Organismos e Entidades são chamados a contribuir para a satisfação deste objectivo.

Chove cerca de 900 litros por metro quadrado, anualmente, mas só cerca de 30% da água da chuva é aproveitada.

Água potável é utilizada em regadio, instalações sanitárias, lavandarias, etc.

Quanto a mim, a Agencia Portuguesa do Ambiente e o Fundo Ambiental deviam ter um papel determinante na análise de soluções projectadas para uma gestão correcta de utilização de recursos necessários à vida e ao funcionamento de equipamentos.

Refiro-me, por exemplo, à exigência de

a) Normas e princípios das unidades hoteleiras para envolver turista na economia da água, dentro do espírito Turista consciente.

b) Novas construções, nomeadamente Empreendimentos Turísticos, Hospitais, Escolas e Edifícios habitacionais serem dotados de Sistema de recolha, armazenamento , tratamento e reutilização das águas pluviais.

c) Os novos edifícios, seja de que tipologia for, nomeadamente ginásios, serem dotados de sistema de circulação de água, por forma a evitar o desperdício enquanto não chega quente à torneira, e de sistemas economizadores (torneiras e chuveiros inteligentes por ex).



A nível politico, económico, turístico e ambiental

Revisão de acordos e protocolos fronteiriços para a gestão da água proveniente de rios internacionais.


Envolver associações de agricultores e autarquias na gestão do uso de recursos naturais.

Os principais polos turísticos estão superlotados, ao invés de territórios de baixa densidade, inconstavelmente atractivos na sua maioria.

O Agroturismo agrega turistas que sentem como suas as localidades que visitam, e onde ficam alguns dias; têm a noção e empenham-se em  contribuir para uma economia circular, respeitando e interagindo com a Natureza. Criam vínculos com a experiência que a comunidade proporciona.

O Agroturismo gera receita, emprego e contribui para a fixação de habitantes nos lugares com défice populacional, e diversifica a oferta.

O agroturismo potencia a utilização de solos e oferece experiências que cada vez mais turistas querem vivenciar, no conceito da descoberta de tradições e modos de viver (plante uma árvore, venha colher a fruta para a sobremesa ou a alface para a salada). Mas para que se desperte o interesse nos empreendedores de agroturismo, é necessário oferecer tratamento fiscal de empreendedorismo.


Utilização de tecnologia (e talvez a inteligência artificial)

. Os contadores de água actuais deveriam ser adaptados à leitura de cartão de consumo pré-comprado e recarregável.


. Interessar as pessoas (visitantes, turistas e residentes) pela utilização de dispositivos tecnológicos para a medição de pegada de carbono, e alertas para o desperdício de recursos.


Infra-estruturas

Investimento no desenvolvimento de testes para a dessanilização.

Investimento em mais ETARS


Dúvidas geradas pela realidade

.Reutilizável ou Descartável? Os primeiros consomem água na lavagem. Os segundos, impactam o ambiente


Com o apoio do European Open Rivers Programme, a ANP|WWF está a preparar terreno para a remoção de barreiras fluviais obsoletas em Portugal. Não seria preferível adaptá-las ao armazenamento de água para regadio e combate a incêndios?

O perigo da privatização da água é aumentar a desigualdade social.

Revisão de acordos e protocolos fronteiriços para a gestão da água proveniente de rios internacionais.





Oportunidades de descoberta

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Reconhecimento multilinguístico inclusivo

 É com muito agrado que recebemos um gesto de reconhecimento ou elogio, pela simpatia que demonstramos, pelo serviço que prestamos, pela dúvida que esclarecemos ou pelo acolhimento que dispensamos a quem nos visita.

Gracias, Merci, Thank you, Danke schön, Grazzie, são termos que espanhois, franceses, britânicos, alemães e italianos usam para expressarem o seu agradecimento.

Para alguém nos manifestar gratidão, não precisamos de ser excepcionais; basta sermos honestos e autênticos.

Os primeiro termos que o turista estrangeiro usa para se integrarem na nossa cultura, talvez sejam Bom dia e Obrigado.

É o caso da Veronique e do Marcel que disseram obrigado depois de saborearem um doce conventual.

-Obrigado ou obrigada?

- Não se preocupem porque talvez mais de 50% dos portugueses não dão importância à distinção.

Obrigado é um adjectivo e, como tal, tem que concordar com o substantivo. Substitui a frase "eu estou agradecido, grato". Ora, como o Marcel é masculino, deve dizer "obrigado". Tu, Veronique, deves dizer "obrigada" , independentemente de estarem a agradecer a um homem ou a uma mulher. 

"Je suis reconnaissant" ou "reconnaissante" (feminino).

Merci, Louis par l'explication.

- Em Portugal fala-se em igualdade de género. O termo masculino e feminino continuará a fazer sentido?

- Não sou estudioso do assunto, não uso o novo acordo ortográfico, mas, quanto a mim a igualdade de género significa que a nenhum ser humano podem ser negadas oportunidades exclusivamente por causa do género. Em igualdade de habilitações e competências, as oportunidades têm que ser garantidas a toda a gente.




Black Week

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Gerações de Hotelaria e Turismo - 5ª e ultima parte


 

Gerações de Turismo e Hotelaria sem Conflitos

Por Luis Gonçalves*

Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, cuja grafia é da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.




E a próxima geração, como será

Com a livre circulação de pessoas e mercadorias entre os países da Comunidade Europeia, viagens de estudo além fronteira são frequentes e a continuidade de estudos do ensino superior e universitário ao abrigo de programas tipo Erasmus são muito comuns.

Esta é uma forma de visitados e visitantes interiorizarem maneiras de viver, de ser, de estar, absorverem culturas. Convergem na militância de causas sociais e ambientais a favor do planeta.

A Organização Mundial de Turismo estabelece a Sustentabilidade Turística na sua agenda com os objectivos de o Turismo contribuir para a redução da pobreza, a competitividade, a capacitação, a cooperação.

Para a consciencialização sobre o impacte do turismo e outras actividades sobre o ambiente, surgem aplicações que medem as pegadas de carbono.

É um dado adquirido que o avião emite 4 vezes mais quilogramas de carbono do que o comboio; O comboio é o mais ecoeficiente meio de transporte; é mais socializável; a maior duração das viagens poderá ficar equilibrada com a do avião pela reduzida antecedência de comparência na estação; mas opta-se pela construção de aeroportos em vez de adequar linhas férreas alta velocidade.

As plataformas de reservas promovem viagens sustentáveis e estabelecem princípios que os prestadores de serviços devem seguir. Porém, no que toca ao cliente, não lhe é imposto qualquer modelo de comportamento, porque partem do princípio de que cada um é responsável pelos seus actos.

Todos somos dominados pela ditadura de processos e aplicações: sem dúvida eficientes, organizativas, mas que diminuem a capacidade de pensar e criar. É como o comboio que não circula fora dos carris.

A geração mais jovem tende a ditar tendências. A crescente procura de destinos da Natureza, de locais históricos e religiosos dentro do conceito Turismo Espiritual, é o resultado do aprisionamento físico e mental que a pandemia provocou com a dependência do digital no mundo global. O turismo contemplativo e espiritual funciona como uma regeneração de corpo e mente.

Os jovens de hoje prezam o bem-estar. Enaltecem o uso e subestimam a posse. Em vez de comprarem carro, preferem o carsharing. Em vez de comprarem casa, alugam-na; ou trabalham durante uma estação e viajam na seguinte. É uma geração altamente formada que não aceita bem compromissos. Os jovens preferem serem eles a definir onde, como e quando desenvolvem a actividade profissional, numa lógica de prestação de serviços de uma forma liberal.

Ora, este facto exige que a gestão de empresas rompa com os anteriores laços e se adapte a esta realidade. Especialmente a gestão de RH está consciente da valorização das pessoas; não só através de salários condignos, mas também com horário e flexibilidade, vida pessoal e com a princípios de felicidade.

Claro que novos empreendimentos terão em conta este panorama; poderá ser comum a promoção de comunidades de clientes dentro de um hotel; não será descabido instalar no Hall pequenas mercearias e cozinhas para os hóspedes adquirirem os produtos para cozinharem as suas próprias refeições.

No espaço que se chamava “restaurante” e agora se poderá chamar “Guest Relationship Room” O cliente pode sentar-se à mesa e, usando o tablet ou telemóvel de recente geração consulta a ementa, escolhe, confirma. A confirmação emite referencias de pagamento, emite ordem para a cozinha e recebe o alerta para ir buscar a sua travessa quando esta for colocado na “roda” tecnologicamente controlada.

Numa fase a que eu não devo chegar, o sistema DIY (do it yourself) será um modelo nos hoteis. Assim como será um Nicho de Mercado o atendimento e processamento por pessoas.

*autor do livro Histórias d’Hotel


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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Gerações de Hotelaria e Turismo sem Conflitos (IV parte)

 

Por Luis Gonçalves *

Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, cuja grafia é da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.

Geração Z



Se a banca foi um sector que se destacou na uniformização de sistemas e automatização de processos, o da hotelaria e o da aviação merecem igual destaque. Surgiram muitas software houses que desenvolveram programas de gestão de negócios hoteleiros, sob a orientação de conceituados profissionais de hotelaria e de viagens, aviação, etc.

Livro de Recepção, Quadro de Recepção, Secção de Diários, Plannings de Reservas, Máquinas de Facturação foram substituídas por computador que fornecia os outputs com muito maior celeridade, rigor, em espaço mais reduzido e sem a necessidade de grandes recursos humanos.

Na década de noventa, a Internet invade empresas e pessoas do mundo inteiro.

Rapidamente o e-mail destronou o Fax e deu o tiro de misericórdia no Telex.

Em 1995 é criado o MIRC com a finalidade de ser um programa chat onde é possível conversar com milhões de pessoas em diferentes partes do mundo.

Oportunidade de ouro para estabelecer contacto com outras civilizações que as empresas aproveitaram para adoptarem diferentes estratégias de marketing.

Plataformas de comércio electrónico vulgarizaram-se, salientando-se as OTA’s (online travel agencies).

À forfait é um produto assim designado no passado, construido por Operadores ou Grossistas. Agora é o viajante que o constroi à sua medida, sem quase necessitar de sair da mesma plataforma.

É estabelecido o acordo ortográfico entre os países da lusofonia, mas que nem todos adoptaram. Pessoalmente não concordo e não o aplico, porque entendo que a etimologia da palavra é a raiz que sustenta a nossa cultura. É normal que muitas pessoas que estudaram latim não respeitem o AO.

Com o surgimento das redes sociais, entra-se na fase do marketing relacional. As empresas procuram que os potenciais consumidores se identifiquem com os seus valores, a sua marca e seus objectivos.

A exemplo dos voos charter, são fundadas companhias de voos low cost que oferecem tarifas especiais tendo em conta vários parâmetros: antecedência da reserva, destino, datas. Nunca foi tão fácil e tão barato viajar.

O mercado influencia as decisões de gestão de empresas.

Capacetes e óculos de realidade virtual permitem ao turista conhecer o destino antes de adquirir as férias.

Em 2014 os países europeus adoptaram o ERASMUS, programa que apoia a educação, a formação, a juventude e o desporto. São milhares de estudantes que anualmente circulam além-fronteiras, adquirem novos conhecimentos, fazem amizades, estabelecem relações, encontram oportunidades para a vida.

Após muitas histórias ao longo dos anos, atrevo-me a dizer que "o cliente tem QUASE sempre razão.


O próximo e último artigo disserta sobre possíveis adaptações de espaços e serviços

* autor do livro Histórias d'Hotel 

Portugal We offer the best guarantee for low prices

Gerações de Hotelaria e Turismo sem Conflitos (III Parte)

 

Por Luis Gonçalves



Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, cuja grafia é da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.



Geração Y






As comunicações evoluíram muito nas décadas de setenta e oitenta do século passado.

O moderníssimo Telex veio reduzir para minutos o tempo de resposta que antes, por carta, poderiam decorrer 15 dias ou 20 dias entre a expedição e a recepção de um pedido de informações ou reserva.

 Este sistema internacional de comunicações escritas prevaleceu até ao final do século XX. As mensagens processadas por este sistema eram autênticas e seguras porque cada subscritor tinha um endereço próprio dentro da rede universal, que funcionava com o mesmo princípio da linha telefónica. Exemplo de numero de telex em Portugal: 14851Hotlon P

Era igualmente um optimo meio de divulgação de iniciativas promocionais, por permitir o envio do mesmo texto, previamente gravado pelo aparelho de telex em fita de papel perfurada a conjuntos alargados de destinatários.

A década de 70/80 foi marcada pela substituição do analógico pelo digital (lembram-se dos velhos PBX ; os mais antigos com cavilhas e os mais modernos com alavancas?).

Deixou de ser necessária a intervenção da telefonista dos TLP para efectuar chamadas regionais, nacionais e internacionais (poderia demorar mais de meia hora o estabelecimento da ligação).

Daí ao aparecimento do Telefax foi um saltinho. A reprodução de documentos e envio em segundos ao destinatário, independentemente da distância, retirou protagonismo aos correios.

Nesta época apareceram os primeiros Tour Operator’s que fretavam aviões (voos charter) e contratualizavam allotments com os hoteis. Elaboravam packages ou forfait em brochura (avião, transfert, hotel e às vezes city tours) que colocavam à venda nas agências de viagens.

A nível individual, as tarifas aéreas eram mais baratas se se passasse um mínimo de 3 dias no destino, sendo um deles o sábado. Era a denominada tarifa pex.

Desenvolveu-se igualmente o turismo social, com os subsídios atribuídos por autarquias e governos de outros países a organizações de cidadãos dos escalões jovens e séniors.

No início dos anos 80 assistiu-se à democratização do acesso ao ensino superior. Um leque de opções de ensino eram colocados à escolha dos estudantes que esperavam construir uma carreira de prestigio, provocando uma escassez progressiva, de trabalhadores para sectores de actividade intensiva como é a hotelaria e restauração.

Próximo artigo: Geração Z


Voiturier ou trintanário: A primeira "cara" dos hoteis de categoria superior

sábado, 22 de julho de 2023

Gerações de Turismo e Hotelaria sem Conflitos

 


Por Luis Gonçalves



Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, cuja grafia é da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.

Parte II

Geração X

Depois da reconstrução dos países europeus devastados pela II Grande Guerra, foram modernizados os transportes ferroviários e os transportes aéreos.

O desenvolvimento dos meios de transporte reduziram em muito o tempo das viagens.

Cresceu exponencialmente o número de hotéis localizados nos pontos estratégicos (praias, centro de cidades, estação de caminho de ferro, aeroportos).

Multiplicaram-se as agências de viagens, e foram criadas duas associações internacionais: AIH (Associação Internacional de Hotelaria) e FUAAV (Federação Universal das Agências de Viagens). Entre si celebraram vários convénios, sendo o mais conhecido a convenção AIH/FUAAV que garante ao hoteleiro que o valor da estadia titulada por um voucher ou BON emitido por uma agência de viagens ser-lhe-à pago.

O cliente tem sempre razão” era a máxima adoptada pela hotelaria.



A carta continuava a ser o meio mais utilizado na comunicação para reservas, mas começou-se a usar também o telegrama, especialmente por agências de viagens, que precisavam de dar uma resposta rápida ao cliente.

Os telegramas tinham um custo por palavra. Para racionalizar, usava-se termos do código internacional hoteleiro: A mensagem “Cliente Valois Agosto 15 Ramyn ALDUABAT 8 PENSI UrgConf” significa: Confirmem urgentemente reserva para cliente Valois, 1 quarto de casal, com casa de banho. Chegada à tarde no dia 15 de Agosto, 8 dias em pensão completa.

Após confirmação, o voucher era expedido por carta pela agência de viagens.

Quanto mais populares se tornavam os meios de transporte, maior número de clientes viajavam e menos longas eram as estadias.

Eram estadias de uma, duas, três ou quatro semanas, em meia pensão. Assim tinham o dia livre para descobrirem as paisagens, praias e cultura das regiões visitadas.

Os conselhos de um agente de viagens eram sagrados para o “fazedor” de férias que nele confiava para o “arrangement”.

Viagens forfait tornou-se um negócio interessante tanto pelos resultados financeiros quanto pela comodidade para o cliente.

Main-Courante, Livro de Recepção, Quadro de Recepção ou Rak e, nos grandes hoteis, a secção de Diários era o Back-Office apetrechado com as máquinas de facturação NCR ou Burroughs eram auxiliares de registo, de confirmação e de emissão de contas-correntes e facturas dos clientes.



Tal como na geração anterior, a qualquer empregado de mesa, de bar ou mandarete de hotéis de luxo era exigido que tivessem sempre consigo uma carteira de fósforos. Sempre que um cliente puxava de um cigarro, o empregado que estivesse mais perto tinha o dever de se prontificar a acendê-lo.

A promoção turística, a documentação, a legislação, a inspecção estavam concentrados na Direcção-Geral de Turismo que abrangia todo o território nacional.

Desta geração eram protagonistas grandes nomes que deixaram marca e obra feita: Alexandre de Almeida, Ribeiro da Silva, Luiggi Vergani, Fausto de Figueiredo, Teodoro dos Santos e, no sector de viagens, Aníbal Abreu, sem dúvida.

Maioritariamente oriundos de meios suburbanos e rurais, os funcionários hoteleiros tinham como valores o individualismo, a ambição e dependência do trabalho que, aliados a cursos profissionais e empenho os catapultava nos postos superiores da carreira.


(Voiturier ou trintanário era o rosto dos hoteis de categoria superior)

No próximo artigo: Geração Y


domingo, 9 de julho de 2023

Gerações de Turismo e Hotelaria sem Conflitos

 


Por Luis Gonçalves

Nota: Trata-se de opinião baseada em percepções, registada em grafia da primeira geração

Tendo como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.

O que acontece é que ocorrem fenómenos dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.

Geração Baby-Boomer

Durante a II Grande muitos chefes de estado, membros da realeza e altos dignatários de nações ocupadas refugiaram-se em países neutros como Portugal. Também agentes dos serviços secretos dos beligerantes e correspondentes da imprensa internacional aqui passavam longas temporadas.

O fim desta guerra originou a ânsia de evasão para se respirar liberdade.

E aumentou também a taxa de natalidade para contrabalançar com as vidas ceifadas pela guerra.

Os meios de transporte mais usados eram os barcos a vapor e os comboios. Viagens demoradas combinavam com longas estadias, geralmente deste o início até ao final da haute saison.

Eram famílias inteiras que se faziam acompanhar de mordomos e amas das crianças.

A reserva era feita geralmente por carta, com 6 ou 7 meses de antecedência. Tornou-se mesmo um hábito, os clientes à saída deixarem a reserva feita para o ano seguinte.

Geralmente o regime de estadia era de pensão completa (alojamento + refeições e ainda o chá da tarde à volta da piscina ou no salão de chá e de jogos de mesa).

Os hoteis de luxo ou de primeira categoria, de “resort”, dispunham de quartos e refeitório para os “chauffeurs”, “serveurs” e serveuses dos hóspedes: os couriers.

Cada uma das refeições era assegurada por uma brigada completa de sala (chefe de mesa, chefe de vinhos, chefe de turno, ajudante ou commis.

No próximo artigo: Geração X  

Voiturier ou Trintanário: o primeiro rosto dos hoteis de prestígio