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sábado, 22 de agosto de 2020

Rosas d'Agosto


Para se escrever sobre flores é necessário ter, pelo menos, uma das seguintes características: 

Ser conhecedor; 

Ser sensível à ordem das coisas da Natureza; 

Ser poeta;  

Esta roseira, desenvolvida após plantação em vaso de uma haste condenada a ir para o lixo numa loja de flores, floresce várias vezes ao ano, mas em Agosto?, creio que é a primeira vez. 


Dando as boas vindas aos clientes e visitantes de O café da Praça, esta roseira apresenta-se de várias formas e tons ao longo do ano. Já deu rosas de várias cores: brancas como que transmitindo aos clientes um local de Paz. 

Amareladas, dando a ideia de Alegria e Juventude independentemente da idade. 

Estas, de Agosto, são cor-de-rosa, indiciando Ternura e Romantismo - apanágio de Constância. 

Diz-se que as flores são para os mortos, porém elas são o veiculo de transmissão de sentimentos e emoções a outrem: amor, respeito, carinho, romance.  

As rosas de O café da Praça aí permanecem enquanto quiserem, dando a inspiração a todas as formas de expressão sentimental dos visitantes. Os doces conventuais concretizam-na. 



quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Conversas superficiais de café




Uma sensação de um ligeiro vazio não só orgânico mas também emotivo fez-me parar naquele café, cujas três colunas visíveis do exterior  que sustentavam um alpendre me despertaram a atenção.
Além da vontade de saciar o apetite, queria ouvir coisas que me emocionassem, temas novos para mim.
“Está cá um frio…” foi o cumprimento que o funcionário me fez à chegada.
(Discutir a chuva, o sol, o bom tempo, nada tem de genial).
- É  tempo dele… Olhe, uma sandezinha arranja-se?
- Sim….
A minha mente viu uma semelhança do café que inspirou Joe Dassin para cantar a Praça Stanislav em Nancy, que deve o seu nome ao ex-rei da Polónia Estanislau nomeado Duque da Lorena por Luis XV.

 Esse era o ponto de encontro de políticos e “rendez-vous” de namorados. Neste, onde estou agora, reúnem-se grupos heterogéneos que falam de trivialidades.
Resultado de imagem para le café des trois colombes
(Imagem retirada de Google)

Na mesa do centro comenta-se:
Já viste o poder da internet? Bastou a publicação de 2 ou 3 vídeos e algumas imagens das cheias que 2 chavalos publicaram, para que 50% das reservas nos hotéis em Veneza fossem canceladas. Já viste o prejuízo? . Isto tem cá um poder! … e é um perigo… sabe-se tudo uns dos outros.
Já ouvi falar que as coisas andam sozinhas, pensam e falam, que qualquer dia o homem é meio-humano e meio robot, que já se come comida feita com impressora 3D e que uma das profissões de futuro será o de psicólogo de robots ou fiel de armazém de reciclagem robótica.
…..
Na mesa junto à coluna do centro ouvia-se:
 Já não serão as políticas nacionais a determinar o desenvolvimento das regiões, mas sim grandes empresas anónimas (Google, Apple, Facebook, Amazon,  Alibaba, Visa, AT&T e outros que surgirão, chamarão a si as atenções e os interesses); estas concorrerão entre elas na tentativa de concentração de capitais e de poder ao lado do poder ideológico político na disputa comum pelo domínio das grandes massas.
….

Da mesa junto à coluna da direita:
- Sabes como é que apareceu a doença das vacas loucas? Quando elas pastavam livremente, e comiam feno, ruminavam. Agora, alimentadas com rações porque interessa um crescimento rápido para renderem dinheiro o mais cedo possível, elas não ruminam. Li que havia vacarias com musica para aliviar o stress das vacas..
- E sabes que a solução para movimentar dinheiro e desenvolver a economia local é pelo consumo. Antigamente não havia fiscalização. O Estado controlava por meio de pagamentos contributivos mínimos.
Com a abolição dos mínimos, quadruplicou o numero de funcionários públicos; cada consumidor trabalha gratuitamente para o estado, e as acções inspectivas continuam.
Em 1969 havia 200.000 funcionários públicos. Em 2018, sem que o território tivesse aumentado, nem a população tivesse também sofrido grandes alterações, e com muito mais tecnologia, são 669000, sendo que, destes, 516000 estão na Administração Central. Ora, criando rendimento, cria-se consumo.


Na mesa do canto direito desenham-se soluções para o desenvolvimento económico de uma pequena terra no interior do país:
- Olha que o que está em alta é o Turismo.  E esta pequena vila ficava a ganhar se tivesse um hotel; trazia muitos forasteiros.
- Pois, mas aqui ao lado já há muita concorrência e o turista é andarilho…
- Cá para mim é a indústria. Não é afectada por convulsões politicas externas, por greves de pilotos, por greves de pessoal de carga…
- O que eu noto é que já há muita indústria e poucos recursos humanos qualificados e disponíveis para trabalhar. Uma universidade de Ensino Tecnico e Tecnologico, com residência estudantil garantia o desenvolvimento de produtos locais, comercio e de serviços, atraia os seus familiares e, depois de formados, resolviam a questão da falta de mão-de-obra.
Lá ao cantinho , um rapaz e uma rapariga, mexendo avidamente no telemóvel, mascando umas pastilhas, comentam:
“Meu, o Insta é fenomenal. Viste a imagem que te mandei? Este tipo é bué bacano”. Pespegam um solaçoso beijo e voltam ao mundo virtual.
E eu, ao balcão:
- Diga-me, o senhor esteve na Suiça ou em França?
- Em França, no Leste, em Nancy. De lá trouxe a vontade de ter um Café em Portugal.


domingo, 28 de abril de 2019

As cores do dia de um trabalhador de hotelaria



São constantes as lamentações de empresários e de gestores hoteleiros da escassez de mão-de-obra para garantirem os serviços que aos empreendimentos turísticos, hoteleiros e de restauração compete prestar aos hóspedes e clientes.
Quanto a isso, começo por não concordar com o vocábulo “mão-de-obra” que sugere alguma falta de consideração pelo valor dos Recursos Humanos.
Afirmam alguns de já não se encontrarem disponiveis recursos humanos qualificados; muitos se queixam já da dificuldade de encontrarem, até, pessoas semqualificação para trabalhar no sector.

Se dividíssemos o dia em 3 partes iguais, cada uma com a sua cor, teríamos: vermelha para o sono,  azul para o trabalho e  verde para o lazer, convivência em sociedade,  e  afazeres particulares. 

Mesmo noutras áreas de actividade, estas cores deixaram de ser um guião para a felicidade humana a troco de um telemóvel, de um computador, de um automóvel. As pessoas deixaram de ter tempo para usufruírem a vida, passando a estar permanente ligadas através das modernas tecnologias.
As cores do dia misturam-se. Ficam castanhas, escuras, deprimentes.

A hotelaria está cada vez mais desumanizada devido ao uso excessivo das tecnologias, tendo sido criados modelos que retiram a clientes a capacidade de se consciencializarem de  que as coisas não aparecem feitas automaticamente, bastando carregar num botão, que há uma  intensa intervenção humana.

Quem trabalha em hotelaria tem que estar ciente de que é uma actividade de imprevistos, de picos de afluência de clientela e, que por isso, o seu contributo pode ser requerido após a duração normal do período laboral, para a satisfação dos dlientes e consequente êxito da exploração. Um empregado de hotelaria sabe que não tem um emprego nine-to-five
Mas percepcionamos, especialmente na área de restauração, uma quase ausência de gestão e uma desorganizada politica de recursos humanos, e um menosprezo pelo  direito à vida pessoal para além de trabalhar e de dormir. Em muitos estabelecimentos os “picos” deixam de ser um aumento ocasional da carga de trabalho,  passam a uma afluência  normal do dia-a-dia para a qual uma equipa preparada para 50 presta diariamente serviço a 100, fora-de-horas, sem direito a retribuição extra e, na maior parte das vezes, com direito ao descanso apenas no dia do encerramento semanal do estabelecimento.
http://www.casinhasconstancia.com

Esta prática desencoraja qualquer um a trabalhar no sector, que deveria ser prestigiante e uma oportunidade para produzir e absorver cultura, e de estabelecer relações sociais saudáveis. A forma como o trabalho é organizado expressa os valores da sociedade a que pertencemos.
A minha homenagem a quem faz aquilo de que gosta, e disso tira proveito para a sua formação e conhecimento. Porque hotelaria é mesmo para quem gosta. E para que os funcionários trabalhem com gosto, têm de ter reconhecimento moral, financeiro, económico, social e emocional.