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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Repensar o Futuro

 


foi o grande tema das Conferências do Estoril, realizadas recentemente na SBE, enriquecidas com a transmissão de conhecimento, de exemplos e de análises de lideres, governantes, ex-governantes, nacionais e estrangeiros, prémios Nobel de várias áreas.

O mundo é global. As pessoas circulam no mundo a uma velocidade alucinante. Em cada minuto aterram mais de 10.000 aviões no planeta.

Cruzam-se experiências, sonhos, emoções, frustações; o mundo é o nosso interesse; enquanto queremos saber o que nele se passa, não nos interessamos pelo que acontece na nossa comunidade.

Poucas são as pessoas que participam no estudo de alternativas e soluções para melhorar a vida colectiva. Na ânsia de experimentar algo de novo, esquecem o seu bairro, a sua aldeia, o seu município.

E aos fazedores de políticas isto agrada, porque não se deparam com oposição; assim se constroem regimes autoritários unipessoais.


Uma grande percentagem de eleitores não cumpre, sequer o dever cívico de votar, e pertencer a uma lista de candidaturas para mandatos políticos, integrar campanhas eleitorais,  nem se fala.

Mas também tenho a opinião de muitos: os partidos têm muita culpa neste abstencionismo. Mas não só.

Mas há um efeito que considero negativo se esta passividade se mantiver: a tendência de as listas a órgãos políticos serem integradas por migrantes que, embora inteligentes e competentes, não terão conhecimento da essência da comunidade nem dos valores culturais de Portugal.

Talvez os filhos dos actuais imigrantes, já dotados de  uma fatia de alma portuguesa, sejam os futuros politicos, localmente e a nivel nacional.


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Dia Mundial do Turismo

Desde 27 de setembro de 1980, que é celebrado pela Organização Mundial do Turismo como o Dia Mundial do Turismo.
Foi estabelecido pela terceira conferência da Assembleia Geral da OMT em Torremolinos (Espanha), em setembro de 1979.
Mas em Portugal já se celebrava o Dia do Turista. Geralmente em Abril (Avril au Portugal).
Da celebração constava a oferta de lembrança e flores a turistas, oferta de Vinho do Porto e Docinhos Regionais nos bares dos hoteis e restaurantes.
A celebração era caracterizada por uma acção promocional de dentro para fora.
A celebração que teria mais impacto, dentro da perspectiva "De Pessoas para Pessoas", seria a participação de turistas em actividades desportivas ou culturais promovidas por entidades, organizações ou grupos de pessoas, terminando, por exemplo, com um concerto "Bem Vindos Turistas" ou Workshop e degustação gastronómica de produtos culinários locais.
Bastava, para isso, a organização da celebração envolver os dirigentes dos diversos meios de alojamento na localidade, para o convite de todos os hóspedes (nacionais ou estrangeiros).
Assim era por aqui: De dentro para fora; do receptor para o emissor; de pessoas para pessoas.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Saturação de Destinos, ou Insuficiente disponibilidade de RH?

 Por mais perfeito e abrangente que seja um SCSD (Sistema Computacional de Suporte à Decisão), os outputs de tal sistema não podem constituir a verdade absoluta nem serem uma garantia insofismável de êxito ou de insucesso.

Usar como garantia a decisão do sistema seria aceitar a ditadura da tecnologia.

O resultado do modelo computacional utilizado é, somente, um apoio à decisão, que tem que ser tomada depois de uma profunda análise de simulações de diversos cenários feitas por inteligência humana e naturalista.



Enquanto a IA nos apresenta, suponho, resultados baseados em decisões lógicas num ambiente de ciências exactas, indiscutíveis, a inteligência natural reúne várias linhas de pensamento, aplica a experiência, analisa o ambiente, com o concurso de várias sensibilidades e pontos de vista.

A oportunidade de efectuar qualquer investimento, independentemente da sua dimensão, tem que ser criteriosamente estudada. Investir em hotelaria tem enormes impactos financeiros, económicos, sociais e ambientais.

Num mundo VICA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) é de admirar a coragem de investidores em hotéis.

Fala-se em zonas saturadas, fala-se em cultura e em ambiente, fala-se na enorme dificuldade em recrutar Recursos Humanos, fala-se em aspecto degradante de cidades cujas vias estão ocupadas por tendas, papelões e cobertores que servem de abrigo a pessoas excluídas do sistema.



Mas a capacidade hoteleira continua a aumentar. E, pelos vistos, o número de turistas também; porque somos ainda um país seguro. E porque nos deixamos ir na sedução das promoções e last minuts, etc, para ter mais dormidas do que a concorrência.

E porque razão há maior dificuldade nos RH? Não é só cá. Lê-se que em vários países também.

Algumas razões são apontadas:

Baixos rendimentos; falta de perspectivas; preço de casas para arrendar quando se mora longe e preço dos produtos de consumo; longas distâncias e, por vezes, poucos transportes. Falta de conjugação entre os interesses da entidade empregadora com a qualidade de vida que gostaria; Inexistência de uma política de felicidade na empresa.


A planificação de investimento hoteleiro deve prever a construção de bairros sociais para os seus futuros empregados, em diversas tipologias. Esta preocupação era realidade em complexos industriais já na década de 50 do século XX: Bairro residencial, mini-mercado, creche, escola, centro médico, etc para colaboradores e agregados familiares.


Providenciar alojamentocondigno a colaboradores, beneficios sociais e pessoais, perspectivas, e tempo de viverem a vida pessoal ao seu ritmo, é o caminho para ter colaboradores felizes.


sábado, 13 de abril de 2024

Viva a Liberdade

 

De ser livre, De exprimir o que pensa,

De respeitar as diferenças, simpatias, crenças, preferências.

Este tema foge um pouco ao género de artigos e opiniões que publico em blogue ou jornal online.

Mas porque se aproxima a comemoração do dia 25 de Abril, que mudou regimes e mentalidades, quis trazer para aqui memórias da minha infância.



O País é tão pequenino, que nenhuma região pode apoderar-se do epíteto “a mais sacrificada”, a "mais explorada", "a mais revoltada"!

Antes da data prestes a ser celebrada, a formatação da sociedade era “ trabalha para te manteres” ou

quem não trabuca não manduca”. E cedinho, de tenra idade, se absorvia este princípio.

A riqueza estava na terra, porque era dela que saíam os alimentos. Pouca maquinaria, trabalho braçal. Pouca maquia, tracção animal.

E as cantigas para se transformar a tristeza em alegria originaram a riqueza do cancioneiro popular. Em todas as regiões.

Numas terras, de sol a sol, noutras, antes do sol nascer até a noite cair.

Couves e batatas ao almoço, caldo com “sustança” à noite.

Os jornaleiros (homens que trabalhavam à jornada, do nascer ao por do sol ) manifestavam o seu desagrado com a cantilena:

Pão boleinto, binho binagreinto, sardinha salgada? Descansa corpo, trabalha enxada!”




Interpretação: Esta é uma oração consecutiva à oração principal que não está no texto: "Tu dás-me"  pão com bolor, sardinha salgada, vinho já com sabor a vinagre, então a enxada que trabalhe sòzinha. 

Há outra frase que interpretava o mal-estar da exploração laboral: "de graça e a seco, que trabalhem os cães" (sem retribuição nem comida...)

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Que mania tens tu de ser sempre do contra

 

- Sou assim, que é que queres? Eu sei que não fazia melhor, porque não estudei para isso. Mas…


- Quem lá está sabe o que faz. Estudou.

- Paleio. Vê lá tu: Quem por lá passa apregoa que é preciso captar investimento estrangeiro. Mas porquê estrangeiro? O português não presta?

- Quem sabe diz que é preciso internacionalizar a economia; lançar a marca Portugal além fronteiras…

- A nossa economia é exportada. Vê lá tu a quantidade de turistas que consomem os nossos produtos. São mais de 30 milhões que deixam cá 25.000 milhões de Euros . Pelas minhas contas devem consumir 60 milhões de pequenos -almoços e 120 milhões de refeições, e outras coisas.

- Tens muita razão, mas o que os entendidos pretendem é a diversificação da economia; especialmente a chamada economia verde, através da implantação de sistemas alternativos para a produção de energia.

- Tretas. Isso só beneficia grandes grupos internacionais. Porque raio é que não somos nós a desenvolver esses sistemas? Têm que vir empresas lá de fora devastar as nossas florestas para implantarem paisagens de painéis de cristal… Porque é que não fazem isso lá no país deles?

- É o dinamismo do mercado…

- Pois.. vamos lá a ver se são daqueles investidores que recebem subsídios do estado, contratualizam empréstimos, não pagam a ninguém e desaparecem. Sobra para nós...

- Estas coisas são controladas...

- Pensas tu. Adiante:  só aproveitamos 30% da água da chuva. Existe energia mais limpa que a produzida pela água?

- Mas aprisionar os recursos hídricos prejudica a biodiversidade.

- E implantar painéis fotovoltaicos não prejudica o clima e consequentemente a saúde das pessoas?

- Tens que ver que “Os principais objetivos da economia verde acabam coincidindo com os pilares da Agenda 2030, já que ambos buscam desenvolver energias renováveis e mais acessíveis, cidades sustentáveis, ações climáticas e a diminuição das desigualdades.”

- Qual o destino desses milhões de painéis em fim de vida? Existe capacidade para a manutenção dos sistemas? Ouvi dizer que não… Olha, tenho o ADN de um outsider. Vou ali e já venho.



quarta-feira, 6 de março de 2024

Segredos que a Natureza guarda

 



Um passeio ou caminhada pela zona mais rural de Constância, ladeada pelos Zêzere e Tejo, transporta-nos numa viagem introspectiva numa prova de que não conseguimos apagar as nossas origens: sociais e geográficas.

Lembro-me de, na minha infância, brincar ao bugalho com os meus irmãos ou amigos: Cada um com um pequeno pau a fazer de raquete. Dizíamos "brincar à bojarda". O bugalho era como se fosse a bola de ping-pong.

Pensava eu que as carvalhas davam as glandes (bolota) e os carvalhos os bugalhos. Mas não.

Os bugalhos não são frutos, mas sim estruturas que as plantas produzem em resposta a agressões externas, especialmente picadas de insectos. É como se fossem tumores. Que depois têm a sua utilidade na biodiversidade.


A floração ocorre entre abril e maio, com a floração feminina e masculina desfasadas no tempo, de forma a evitar a autofecundação, já que a espécie é monoica. As flores masculinas são amentilhos filiformes e as femininas, amentilhos pequenos e arredondados. O fruto, a bolota (glande), amadurece entre setembro e outubro.”-In Gulbenkian

Se, naquele tempo as glandes (bolotas) serviam para produzir ingredientes para a terra e para alimentar os o porcos, hoje em dia há um aproveitamento total para a produção de matéria-prima alimentar, perfumaria e cosmética. Pioneiros na investigação e desenvolvimento para a transformação deste produto, Pedro Babo e um colega de formação em biologia molecular, criaram a startup Landratech internacionalmente reconhecida e premiada pela inovação. A comercialização é através do Armazém da Bolota. 

Os responsáveis têm como meta a transformação de uma centena de toneladas de bolota anual, para responderem à crescente procura nacional e internacional.

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

O que é e o que deveria ser celebrado em Constância

 A situação geográfica de Constância foi sempre muito importante na defesa da Linha do Tejo e do comércio.

A construção naval de meios de transporte para escoamento de  mercadorias, comércio de víveres e vestimentas, transporte de pessoas e de defesa por via fluvial, foi o ganha-pão durante séculos de homens que se dedicaram a actividades fluviais (marítimos, mercadores, artífices).

Os marítimos escolheram a Segunda-Feira de Páscoa como o dia dedicado a Nossa Senhora da Boa Viagem como agradecimento por terem chegado sãos e salvos das viagens do passado e pedir-Lhe protecção para as viagens que haveriam de se seguir.

Constava esta devoção de uma procissão e da benção de barcos no Rio Tejo frente a Constância. Assim aconteceu dezenas e mesmo centenas de anos, enquanto os rios eram a via mais rápida para chegar a outras povoações, vilas e cidades.Até à popularização da circulação automobilistica e ferroviária. 

A tradição foi retomada pela Câmara Municipal no final da década de 80 do século XX, ligando o fim-de-semana da Páscoa às Festas, de cuja ligação resultou as Festas do Concelho e da Boa Viagem.

Programa das Festas 2024



A segunda manifestação cultural é a evocação a Camões no dia 10 de Junho, celebrando as Pomonas Camonianas (Pomona era a deusa dos Pomares que Camões invocava para escrever da beleza natural, amor e fertilidade).



Quanto a nós há mais razões para Constância celebrar factos históricos:

* 30 de Maio

Por Carta de Sentença Régia de 30 de Maio de 1571, Dom Sebastião fez vila o lugar de Punhete, desanexando-o da jurisdição de  Abrantes. Elevou Punhete à categoria de vila, criou o concelho e fixou-lhe o termo, desvinculando-o definitivamente de Abrantes.

* 7 de Dezembro 

Dona Maria II, casada com Dom Fernando Saxe Cobourg-Gotha, empreendia deslocações a Punhete com alguma frequência, porque o seu ministro do Reino, Passos Manuel,  natural do Ribatejo, passava aqui longas temporadas. E aqui casou com D. Gervásia Falcão.

Sem quaisquer obstáculos urbanísticos, o misticismo da bacia formada pelo Zêzere e pelo Tejo trazia-lhe à memória o lago Constance na Austria, de onde Dom Fernando era natural.
The Church of Saint George, Wasserburg on Lake of Constance, the third largest lake in Europe. 

Teria sido esta a imagem que Dom Fernando descreveu a D. Maria II para a sensibilizar para a mudança de nome da vila.

Dotado de enorme sensibilidade pelas artes e pela beleza, interferiu junto da Rainha para que outra denominação fosse atribuída a Punhete. E assim, por decreto real de 7 de Dezembro de 1836, Punhete passou a denominar-se Constância, com o epíteto "Notável Vila da Constância".

E este dia não é celebrado; mas devia.