Por
Luis Gonçalves
Nota:
Trata-se de opinião
baseada em percepções, cuja grafia é
da primeira geração
Tendo
como premissa que a hotelaria existe porque existem turistas que
usufruem dos serviços hoteleiros, nunca houve nem haverá qualquer
conflito de gerações: nem na hotelaria nem no turismo.
O
que acontece é que ocorrem fenómenos
dinâmicos, que potenciam a adopção de tecnologias e
procedimentos na adaptação comum do binómio oferta-procura.
Parte II
Geração
X
Depois
da reconstrução dos países europeus devastados pela II Grande
Guerra, foram modernizados os transportes ferroviários e os
transportes aéreos.
O
desenvolvimento dos meios de transporte reduziram em muito o tempo
das viagens.
Cresceu
exponencialmente o número de hotéis localizados nos pontos
estratégicos (praias, centro de cidades, estação de caminho de
ferro, aeroportos).
Multiplicaram-se
as agências de viagens, e foram criadas duas associações
internacionais: AIH (Associação Internacional de Hotelaria) e FUAAV
(Federação Universal das Agências de Viagens). Entre si celebraram
vários convénios, sendo o mais conhecido a convenção AIH/FUAAV
que garante ao hoteleiro que o valor da estadia titulada por um
voucher ou BON emitido por uma agência de viagens
ser-lhe-à pago.
“O
cliente tem sempre razão” era a máxima adoptada pela hotelaria.
A
carta continuava a ser o meio mais utilizado na comunicação para
reservas, mas começou-se a usar também o telegrama, especialmente
por agências de viagens, que precisavam de dar uma resposta rápida
ao cliente.
Os
telegramas tinham um custo por palavra. Para racionalizar, usava-se
termos do código internacional hoteleiro: A mensagem “Cliente
Valois Agosto 15 Ramyn ALDUABAT 8 PENSI UrgConf” significa:
Confirmem urgentemente reserva para cliente Valois, 1 quarto de
casal, com casa de banho. Chegada à tarde no dia 15 de Agosto, 8
dias em pensão completa.
Após
confirmação, o voucher era expedido por carta pela agência
de viagens.
Quanto
mais populares se tornavam os meios de transporte, maior número de
clientes viajavam e menos longas eram as estadias.
Eram
estadias de uma, duas, três ou quatro semanas, em meia pensão.
Assim tinham o dia livre para descobrirem as paisagens, praias e
cultura das regiões visitadas.
Os
conselhos de um agente de viagens eram sagrados para o “fazedor”
de férias que nele confiava para o “arrangement”.
Viagens
forfait tornou-se um negócio interessante tanto pelos
resultados financeiros quanto pela comodidade para o cliente.
Main-Courante,
Livro de Recepção, Quadro de Recepção ou Rak e, nos grandes
hoteis, a secção de Diários era o Back-Office apetrechado com as
máquinas de facturação NCR ou Burroughs eram auxiliares de
registo, de confirmação e de emissão de contas-correntes e
facturas dos clientes.
Tal
como na geração anterior, a qualquer empregado de mesa, de bar ou
mandarete de hotéis de luxo era exigido que tivessem sempre consigo
uma carteira de fósforos. Sempre que um cliente puxava de um
cigarro, o empregado que estivesse mais perto tinha o dever de se
prontificar a acendê-lo.
A
promoção turística, a documentação, a legislação, a inspecção
estavam concentrados na Direcção-Geral de Turismo que abrangia todo
o território nacional.
Desta
geração eram protagonistas grandes nomes que deixaram marca e obra
feita: Alexandre de Almeida, Ribeiro da Silva, Luiggi Vergani, Fausto
de Figueiredo, Teodoro dos Santos e, no sector de viagens, Aníbal
Abreu, sem dúvida.
Maioritariamente
oriundos de meios suburbanos e rurais, os funcionários hoteleiros
tinham como valores o individualismo, a ambição e dependência do
trabalho que, aliados a cursos profissionais e empenho os
catapultava nos postos superiores da carreira.
(Voiturier ou trintanário era o rosto dos hoteis de categoria superior)
No
próximo artigo: Geração Y