Sendo o Natal uma quadra festiva com significado especial
para as crianças, é natural que a criança que há em nós transporte e evoque as
imagens e a magia das histórias que lhe ficaram na memória quando escreve sobre
o Natal.
Histórias contadas à lareira, depois da ceia e durante os
jogos do "rapa-tira-deixa-põe".
No dia de Natal as crianças acordavam mais cedo entusiasmadas com a prenda que o Menino Jesus
tinha deixado – umas peúgas, camisola, calças, com aquele cheiro a
novo, que haviam de levar daí a umas horas à Missa do Dia onde também beijariam
o Menino Jesus, que era retirado da caminha de palha na cabaninha do presépio
que simbolizava a manjedoura onde nasceu.
O primeiro presépio terá sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223 na Floresta de Greccio,
para explicar mais claramente o Natal às pessoas comuns , na sua maioria
camponeses que não conseguiam entender o nascimento de Jesus (em “Teologia,
Doutrina, Catequese").
Montar o presépio tornou-se um hábito, com toda a carga
simbólica: Familia unida, simples, trabalhadora, crente; a Natureza (montes,
pastoreio), o Universo (estrelas) e a Boa Nova (Anjos).
Ir ao musgo aos montes, trazer pedras de vários tamanhos
para com elas fazer os relevos dos presépios era um hábito de adultos e miúdos nas aldeias de
Portugal.
Há dois mil anos não havia reciclagem, simplesmente se comia
ou usava aquilo que se produzia ou fazia; tudo era aproveitado.
A tradição da árvore
de Natal começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite,
enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos
pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que
Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão
e outros enfeites, como velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela
cena que havia presenciado na floresta.
A Reciclagem
Nos tempos que correm sim, faz todo o sentido o
reaproveitamento. Mas o reaproveitamento é o resultado de excesso de consumo.
Pessoalmente não me agrada muito ver as imagens características de um presépio representadas por garrafas de plástico ou cápsulas de café. Sejamos certinhos durante o ano, respeitemos o ambiente, mas demos a maior dignidade possível ao Natal.
Não deixemos que a reciclagem retire ao Natal a carga
simbólica. Sem quaisquer preferências nem fundamentalismos.
Esta quadra seria mais genuina se toda a
comunidade construísse um presépio num espaço público, sem qualquer
protagonismo individual, mas com o espírito de alegria, generosidade,
convivência sã, como se de uma verdadeira família se tratasse: O NATAL COMUNITÁRIO.