Viajar no comboio-correio entre Santa Apolónia e Campanhã era uma coisa que eu fiz algumas vezes. A última foi em Março de 1974, durante uma licença militar. Às 23h30 já tinha adquirido o bilhete e, como habitualmente, percorri os olhos pelas prateleiras da papelaria/tabacaria. Lá estava ele; aquele de quem eu tinha ouvido falar no quartel da EPC em Santarém “Portugal e o Futuro” – que me faria companhia nas longas 7 horas de viagem.
Aconteceu isto antes da minha transferência para o CISMI em Tavira, ocorrida um mês depois, em cuja Parada o meu camarada Zé Augusto me dá a novidade no dia 25 pelas 11horas: “houve um golpe de estado”.
“Quem o fez”?
“O Spínola.”
“Então vai começar uma ditadura…”
“Não, em ditadura estamos nós... vai mudar para democracia”.
A inocência era o desconhecimento das causas políticas, o entregar-se ao trabalho, aos estudos, à definição de um objectivo de vida pessoal e profissional, geralmente alcançáveis se nos mantivéssemos no estado da “inocência”.
Muitas esperanças deram lugar a muitas ilusões que foram lentamente desaparecendo, à medida que o cofre esvaziava e novo imposto se implantava, com o aparecimento das incontroláveis aves de rapina que, à boleia das asas da promissora "Liberdade, Fraternidade, Igualdade" iam criando leis restritivas para a maioria do povo, iam implantando novas taxas e impostos para, supostamente, eliminarem as assimetrias sociais, mas que muitos se aperceberam, desoladoramente tarde, que outros rumos tomaram.
A maior desilusão é que existem muitas entidades reguladoras, mas nenhuma regula nem avalia, por iniciativa ou competência próprias, as acções executivas, que, a coberto de uma legitimidade democrática, beneficiam alguns, mas prejudicam a grande maioria.
A solução não é emigrar, mas lutar, para conseguir uma vida melhor, que nos faça sonhar, que nos permita viver com alegria,realizar as coisas que gostamos.
Luis Gonçalves. Je suis comme ça et j'aime! Penso que sim acho que não ignoro a Liberdade de pensar que conquistei muitos não apreciam a verdade. Nota: Apesar de escrever em desacordo com o ultimo AO, não significa que não observe a evolução. É só porque entendo que a etimologia da palavra é a raíz que sustenta a cultura de um povo.
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sexta-feira, 25 de abril de 2014
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